Presente estabelecido, futuro preparado
A ABTCP (Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel) trabalha há mais de cinco décadas para o fortalecimento do setor. São ações que visam fazer a indústria de celulose e papel cada vez maior e mais importante para a economia nacional. Darcio Berni, diretor executivo da ABTCP, comenta sobre as atividades realizadas pela associação, o momento do setor, as estratégias já implantadas e planos para o futuro da ABTCP.
– Como foi sua chegada à diretoria executiva da ABTCP?
Trabalhei durante muitos anos na VCP (Votorantim Celulose e Papel) e, após a fusão com a Aracruz, na Fibria, participei do processo de desinvestimento das unidades produtoras de Papel. Minha chegada à ABTCP foi motivada pela mudança na governança corporativa da Associação. Foi um projeto importante de revisão estatutária e a criação da função de Diretor Executivo 100% dedicado às rotinas diárias da ABTCP e, principalmente, liderar juntamente com os conselhos o processo de modernização das atividades.
– Quais as principais conquistas da ABTCP ao longo de sua história?
A ABTCP promove um ambiente colaborativo e proativo entre as pessoas e as empresas. Sem dúvida, isso trouxe ganhos imensuráveis para o setor ao longo dos 55 anos de fundação da associação. Participamos ativamente da transformação ocorrida no setor de Celulose e Papel nas últimas décadas, tornando o Brasil referência mundial. Os principais pilares que norteiam nossas atividades são 3: Capacitação Técnica dos profissionais; Desenvolvimento tecnológico; e Relacionamento entre as empresas produtoras e fornecedoras do setor e seus colaboradores.
– Quais os principais campos de atuação da associação?
Nosso portfólio de produtos e serviços é extenso, mas destaco nossa área de publicações responsável pelas edições mensais da revista O Papel, a Organização de eventos, como a Exposição Internacional, a semana de Celulose e Papel de Três Lagoas, dentre outros. Em Capacitação técnica, além de cursos, workshops e webinars, nossos destaques são o Congresso Internacional promovido todos os anos e o curso de Pós Graduação em Celulose e Papel que já existe há 35 anos e contribui ativamente para a formação da maioria dos profissionais técnicos e dirigentes das empresas.
– Como funcionam os cursos on-line e in company da associação?
Sempre estivemos atentos às atividades online, devido à localização das empresas que dificultam e encarecem os deslocamentos. A situação gerada pela pandemia nos levou a investir nessa modalidade para continuidade das nossas atividades. Posso afirmar que tivemos muito sucesso. A ABTCP durante o período mais crítico da pandemia manteve todos os seus processos funcionando e rapidamente nos adequamos à nova realidade virtual.
Os cursos in company são customizados para atender às necessidades das empresas e vão desde os cursos básicos até os mais avançados, não apenas na esfera técnica como também na gestão das empresas. A partir de um diagnóstico elaborado com a empresa interessada, construímos os cursos sob medida para atender cada organização de forma presencial ou remota.
Vale destacar que os professores de todos os nossos cursos não pertencem ao quadro de colaboradores da ABTCP. São profissionais de universidades, institutos de pesquisa, consultores e principalmente profissionais do setor.
– Como funcionam as comissões técnicas da ABTCP?
As comissões são criadas a partir de temas estratégicos e comuns para o setor. Atualmente temos 9 comissões ativas, formadas por profissionais especialistas da área discutida, tendo em todas elas a figura de um coordenador. A ABTCP tem o papel de facilitadora do processo, por ser um ambiente neutro, onde profissionais muitas vezes concorrentes no mercado trabalham de forma colaborativa.
– Como funciona o intercambio com estudantes oferecido pela associação?
O intercambio funciona há vários anos com a Finnish Forest Products Engineers’ Association, antiga associação técnica PI da Finlândia. Consiste em promover o desenvolvimento de profissionais através da experiência em viver e trabalhar fora do seu país de origem em período de 3 a 6 meses. Sempre em empresas produtoras de Celulose e Papel que aceitam receber os estudantes. Nos últimos anos, devido à pandemia, não houve intercâmbio.
– Como funciona a Rede de Inovação?
É uma plataforma voltada ao desenvolvimento de projetos de inovação colaborativa e pré-competitiva entre empresas do setor de celulose e papel, utilizando-se dos centros de pesquisas já existente no Brasil e dos financiamentos disponíveis. É um processo bem estruturado composto por um comitê de inovação que nos ajuda nas diretrizes dos projetos.
– Quais vantagens de se associar?
Para as empresas, criamos um ambiente muito favorável ao desenvolvimento tecnológico, a inovação, a visibilidade setorial e principalmente o relacionamento entre empresas que facilitam a geração de negócios. Já para os profissionais, o acesso ao conhecimento, a capacitação técnica e o network contribuem de forma significativa em suas carreiras profissionais.
– Como surgiu o podcast da Associação?
Surgiu baseado na revisão que fizemos do planejamento estratégico da associação e demandas atuais de informar o setor pelos meios digitais, para comunicar melhor o público jovem. Temos hoje o Giro Setorial (a exemplo de um jornal de rádio que traz notícias sobre empresas, profissionais e eventos com periodicidade este ano quinzenal) e o podcast Revista O Papel em Minutos que traz os principais destaques editoriais de cada edição da O Papel informados mensalmente pelo podcast.
– Como foi o ano de 2021 para o setor de celulose e papel?
Em termos operacionais foi muito bom, pois o setor manteve 100% das suas operações funcionando através de rígidos protocolos de segurança contra a COVID nas unidades produtoras e escritórios. Os resultados foram consequência de intenso trabalho realizado pelas empresas, que inovaram significativamente durante a pandemia em lançamento de produtos e novas soluções e superaram os desafios do mercado.
– Como você avalia a sua gestão à frente da ABTCP?
A ABTCP é uma empresa que deve ser administrada de forma muito organizada e com governança bem definida, tendo o setor e seus associados como nossos “acionistas”. Desde a minha chegada à associação, passamos por um longo processo de mudanças, que visam garantir a sua perpetuidade, adequando nossos produtos e serviços às necessidades atuais das empresas e de seus profissionais. Nosso grande desafio é a sustentabilidade econômica da ABTCP, que está baseada na oferta de valor ao setor.
Entrevista da REFERÊNCIA CELULOSE & PAPEL, edição 54