Com forte atuação nas COPs, iniciativas da fabricante de papel e celulose, que possui um balanço de carbono positivo, vão além de seus próprios muros
Os créditos de carbono já vêm sendo usados pelas empresas para compensar parte de suas emissões de gases de efeito estufa de forma voluntária, num mercado sem um regulador central, e que ainda está em formação.
Assinado em 2015, o Acordo de Paris prevê um mercado internacional regulado, sob a batuta das Organização das Nações Unidas, em que o comércio de créditos sirva como um instrumento para aumentar a ambição dos países em suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Mas, diante da complexidade da tarefa, os contornos gerais para sua implementação foram fechados apenas na COP26, no ano passado, em Glasgow.
Agora, os países precisam chegar a um consenso sobre as regras que vão fazer esse mercado funcionar.
“A discussão avançou, mas a regulação não foi implementada na COP27, como esperávamos”, afirma Francisco Razzolini, diretor de tecnologia industrial, inovação, sustentabilidade e projetos da Klabin. “O assunto será uma das principais pautas na COP28, com a participação do Brasil.”
A empresa está engajada na agenda da implementação de um mercado regulado internacional de carbono, atuando, inclusive, junto aos corpos diplomáticos do país para falar sobre a sua importância e as oportunidades que se abrem para o Brasil.
“Nós e outras companhias privadas contribuímos para esse debate a partir de interlocuções com esses representantes”, diz o executivo.
Um estudo do Centro Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) mostra que o Brasil pode gerar receitas líquidas de US$ 16 bilhões a US$ 72 bilhões até 2030 com o mercado a ser regulamentado pelo Artigo 6 do Acordo de Paris.
Além de se engajar na agenda de implementação deste artigo, a Klabin tem participação ativa nos debates que envolvem as mudanças climáticas e o caminho para o net zero, com iniciativas que vão além de seus muros.
A empresa participa do Race to Zero, campanha global que reúne 11309 instituições não ligadas a governos federais, como companhias, instituições financeiras, além de cidades e estados, e que é responsável por engajar agentes privados na agenda de combate ao aquecimento global.
Créditos de carbono
Uma das maiores fabricantes de papel e celulose do mundo, a Klabin tem um amplo potencial para emissão de créditos de carbono e estuda diversos projetos – inclusive advindos da expansão florestal sobre áreas degradadas e mudanças do uso de solo que possam gerar adicionalidade.
Hoje, a companhia já possui um balanço positivo de carbono, porque suas áreas de florestas nativas conservadas e plantadas capturam CO2 mais que suficiente para compensar as emissões industriais.
Mas ainda assim, a empresa vem fazendo esforços no sentido de descarbonizar a operação industrial o máximo possível, dentro do espírito de que o mais importante é reduzir todas as emissões possíveis e compensar apenas as mais difíceis de mitigar.
“Trabalhamos com o tema sustentabilidade há décadas e buscamos metas ancoradas na ciência”, diz Razzolini.
A Klabin foi uma das primeiras companhias brasileiras a ter metas de descarbonização aprovadas pela iniciativa Science Based Targets (SBTi), que assegura que as metas estão no caminho para contribuir para um futuro que limite o aquecimento global a 2ºC, ou preferencialmente 1,5ºC, até 2050.
Esse é o patamar que evitaria os efeitos mais catastróficos das mudanças climáticas.
A empresa se comprometeu a reduzir em 25% as emissões de escopo 1 e 2 – que inclui as emissões próprias, vindas principalmente das indústrias, e aquelas do uso de energia – por tonelada de celulose, papéis e embalagens até 2025 e 49% até 2035, tendo 2019 como ano base.
Entre 2003 e 2021, esse indicador já apresentou redução de 67%, com investimento intensivo em tecnologia.
Além do ‘E’
A Klabin também busca outras metas além da letra E do ESG, sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança.
Para isso, criou os ‘KODS’, sua versão interna para os ODS, objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Trata-se de um conjunto de compromissos de curto (2021), médio (2025) e longo prazos (2030), que também contemplam metas de inclusão social e de governança, voltadas ao desenvolvimento sustentável.
No caso da Klabin, duas metas KODS dizem respeito à diversidade.
Um deles pretende que 90% dos funcionários que se autodeclararam pertencentes a alguma minoria de gênero, raça ou sexualidade avaliem positivamente as condições de respeito e igualdade no trabalho. A outra é ter ao menos 30% de pessoas do gênero feminino em cargos de liderança. Em 2021, o total era de 21,24%, ante 12,23% em 2019.
Fonte: Klabin