Celulose e Papel

Da celulose à construção

Com subprotudo da fabricação de celulose, indústrias  cerâmicas substituem 10 mil toneladas por ano de argila no processo produtivo

Transformar subprodutos do processo fabril em novos produtos, promovendo a economia circular e evitando que eles sejam destinados para aterros. Este é o resultado de mais um projeto sustentável desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil e líder na produção de embalagens de papel. O processo, que está sendo desenvolvido em algumas cidades da região dos Campos Gerais no Paraná, e em Pernambuco, onde a empresa tem fábricas, consiste na produção de tijolos de cerâmica a partir do uso de subprodutos de atividades industriais. A iniciativa desenvolvida em parceria com o NTC (Núcleo de Tecnologia Cerâmica) – consultoria especializada no desenvolvimento das indústrias de cerâmica vermelha – já contribuiu para substituir 10 mil toneladas por ano de argila na produção de tijolos.

Até agora, em sua fase piloto, o projeto foi desenvolvido em quatro cidades: Sapopema, Curiúva e Arapoti, no Paraná, e em Goiana (PE). No total, foram produzidos 95 mil tijolos, beneficiando obras públicas e instituições locais. Com o apoio da prefeitura de Arapoti, uma quantidade foi disponibilizada para a Escola Municipal PACAA (Programa de Atendimento à Criança e Adolescente de Arapoti) para a finalização da obra de um muro. Já a prefeitura de Sapopema direcionou os tijolos doados para obras públicas, como a revitalização e melhoria do muro da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Em Goiana, as doações beneficiaram o NACCA (Núcleo de Apoio Cristão Casa do Caminho), auxiliando na construção do Instituto Alma, que ajudará crianças, jovens e famílias carentes já atendidas pela instituição.

Para a elaboração do produto foram realizados diversos testes laboratoriais, como a verificação da porcentagem máxima de subprodutos possível de ser incorporada aos tijolos, além da adequação às normas regulatórias. Após avaliação, os tijolos foram considerados adequados pela NBR 15.270/2015, que especifica os requisitos dimensionais, propriedades físicas e mecânicas de blocos e tijolos cerâmicos a serem utilizados em obras de alvenaria com ou sem função estrutural.

Júlio Nogueira, gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Klabin, explica que a  empresa possui um compromisso público de zerar a destinação de subprodutos industriais para aterros industriais até 2030, otimizando seu retorno à cadeia de valor. “Estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos até o momento neste projeto e em outros espalhados pelo Brasil que, por meio de importantes parcerias, nos possibilita dar nova utilização aos subprodutos do nosso processo produtivo”, explica Júlio.

O compromisso da empresa com o tema faz parte dos KODS – Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável -, um conjunto de metas de curto, médio e longo prazos que organizam e orientam os marcos ASG (Ambientais, Sociais e de Governança) da empresa em relação ao seu plano estratégico de crescimento.

Arildo Silva do Prado, proprietário da Cerâmica Prado, localizada na cidade de Sapopema, afirma que com o subproduto industrial enviado pela Klabin, o consumo de argila pode diminuir em até 7%. O volume disponibilizado possibilita a produção mensal de 270 mil tijolos, suficiente para construir 30 casas de alvenaria de aproximadamente 70 m2 (metros quadrados). “Por meio do projeto, alcançamos uma diminuição considerável no uso de argila, um passo importante para tornar toda nossa cadeia de valor mais sustentável”, afirma Arildo.

João Clóvis de Medeiros, dono da Cerâmica Curiúva (PR), conta que a parceria com a Klabin o ajudou a realizar um de seus objetivos: tornar sua empresa cada vez mais moderna e capaz de entregar um produto que tenha qualidade ao mesmo tempo em que contribui com a preservação do planeta. “É importante que a sociedade se engaje em buscar maneiras mais sustentáveis de produção e consumo, preservando a natureza”, afirma João.

Reportagem da REFERÊNCIA CELULOSE & PAPEL, edição 57.

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